A região onde hoje se encontra São José do Egito foi, durante séculos, território de diversos povos indígenas. Entre eles, destaca-se o povo Chocó, que habitava as margens do Rio Pajeú, especialmente após a atuação do missionário italiano Frei Vital de Frascarolo, responsável por parte do processo de catequese e colonização no antigo povoado de Chocó, então pertencente ao município de Flores. Há também registros da presença dos Pipipãs, que ocupavam essas terras muito antes da chegada dos colonizadores.
Com o avanço da colonização no século XVIII, essas populações originárias foram progressivamente removidas de seus territórios. O processo de ocupação foi liderado pelo capitão Antônio Vieira de Melo, figura associada à expulsão forçada dos povos indígenas e à consolidação dos primeiros núcleos de moradia não indígena na região.
Já no início do século XIX, por volta de 1830, fazendeiros vindos da Serra da Borborema se estabeleceram nas proximidades do encontro entre o Riacho São Felipe e o Rio Pajeú. Desse pequeno núcleo de moradores nasceu o povoado que, ao longo dos anos, evoluiria para a cidade que conhecemos hoje.
Antes de receber seu nome atual, o lugar passou por diferentes denominações: São José das Queimadas, depois São José da Ingazeira, até que, por meio da Lei Provincial nº 1.516, de 11 de abril de 1881, a localidade foi oficialmente elevada à categoria de vila com o nome São José do Egito — nome que permanece como símbolo de sua identidade.
Com o tempo, São José do Egito não apenas se desenvolveu como cidade, mas também se consolidou como um dos principais centros de produção literária popular do Nordeste. Terra de grandes poetas repentistas, declamadores e escritores, o município ficou conhecido nacionalmente como “A Capital da Poesia” ou “A Terra da Poesia”, graças à força de sua tradição oral, de suas cantorias e de sua rica herança cultural que atravessa gerações.
Hoje, São José do Egito segue cultivando essa vocação artística: é palco de festivais, encontros literários e manifestações culturais que celebram o verso, o improviso e a memória poética de um povo que encontra na palavra falada e escrita sua maior marca.